Amor,  Pensamentos,  Posts,  Textos

Não cresça espinhos

Quando passamos por mudanças há coisas que precisam ser retiradas ou moldadas, e toda alteração gera um desconforto, algumas vezes até para pessoas próximas de nós. Façamos a seguinte relação: imagine uma rosa, com beleza exuberante, tão delicada e radiante que mal se consegue imaginar outra parecida, porém essa rosa está repleta de espinhos no seu cabo, e toda vez que você tenta tocá-la você se fere. É isso que acontece quando tentamos tocar pessoas indisponíveis. Muitas vezes criamos espinhos (proteção) ao nosso redor para dificultar que o outro nos acesse ou nos sinta, mas ter esses espinhos não diminui o fato de que a beleza ainda existe em nós e quem quiser ficar com a rosa, entenderá como manusear e cuidar dos espinhos. E para essa “retirada” dos espinhos existe uma doação de ambos os lados, quem tenta tirar os espinhos corre o risco de se espetar a cada tentativa ou manuseamento, e quem está com o espinho tende a sentir a dor de algo sendo alterado e arrancado de si, mesmo que para algo bom. Arrancar espinhos e destruir muros também requer muito de quem os construiu. Não estamos falando sobre mudar essências ou quem somos para ser o que o outro espera, o ponto abordado é que quando achamos alguém que queira estar conosco mesmo cheios de medos, traumas e dores, aceitamos que ele retire esses “espinhos” não porquê estamos sendo submissos, mas porque amar requer cuidar do que tememos para não temer amar. Alguém pode te aceitar com seus espinhos, mas se em algum momento isso não for ressignificado tudo o que te “protege” e afasta o outro, não permitirá que exista uma relação saudável. Muitas vezes devemos abrir mão de feridas e coisas do passado para conseguir viver o presente. Sua vida não mudará se você não mudar também, as vezes o que o universo espera de nós é coragem.

No fundo sabemos que o que todos querem é serem acolhidos, respeitados e amados, ninguém quer viver sozinho para sempre, e viver com o outro requer renúncias daquilo que já fomos e não somos mais. E isso não é sobre mudar quem você é, sua essência, jamais, isso é sobre mudar aquilo onde você errou, aquilo que não cabe mais em você e mesmo assim carrega, aquilo que não te pertence mais mas você internaliza, mudar para melhor não é perda, é evolução. Quando entendemos quem somos tudo faz sentido, não dá para ser outro alguém se não nós mesmos, e isso é libertador. Se eu sou uma pessoa intensa, carinhosa e espontânea, não faz sentido eu querer me tornar alguém frio, calculista, mórbida e de má índole, essa não é quem eu nasci pra ser, não é quem “eu sou”, então não posso mudar isso, mas posso aprender a melhorar e evoluir de maneira que as pessoas não me machuquem tão facilmente, isso é adaptação. Não cresça espinhos onde pode crescer amor, não crie muros onde se pode ter um lindo pôr do sol, não crie tempestades aonde se pode navegar, não te impeça de viver o que precisa, amar dói, perder machuca, ser ignorado(a) sangra, mas pior do que tudo isso, é se arrepender de não ter feito ou tentado, a vida termina, as coisas passam, nada é eterno, exceto as fortes lembranças que criamos.

Se adapte ao ambiente para sua proteção, mas não construa muros e cresça espinhos para evitar contatos, a vida só é bonita porque sentimos. 

                                   A.C.S